Saiba como gerir as compras no setor da construção civil

O controle de custos na construção civil nunca foi tão importante para o sucesso financeiro de um empreendimento. Mergulhado na maior crise econômica da história, os últimos quatro anos não foram fáceis para o setor.

Em 2018, conforme a projeção do Sebrae, a economia deverá tomar novo fôlego, crescendo 0,8%, impulsionando o crescimento do setor de construção em 1,6%. Para que as organizações da construção civil se mantenham no azul, o melhor aproveitamento dos recursos é um trunfo que passa por uma eficiente política de gestão de compras.

O elevado nível de desperdício no canteiro de obras, a má gestão de processos, o subemprego de tecnologia na gestão de compras (como soluções de e-procurement), além de ausência completa de estratégias de relacionamento com fornecedores, são algumas das lacunas de eficiência que culminam no aumento de custo das obras e no agravamento da crise no setor.

Entretanto, é possível otimizar os processos na área e, com isso, reduzir drasticamente os custos da construção (a partir de um gerenciamento de suprimentos por excelência, com novas abordagens, tecnologias e controles). Hoje você vai entender como uma mudança no setor de compras pode impactar os resultados financeiros de sua empresa! Confira!

1. Facilidade nas transações da área de suprimentos

O custo dos insumos na construção civil registrou aumento de 2,93% em 2016, abaixo dos 3,78% do ano anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, a inflação no setor continua alta (6,64% em 2016), percentual que varia muito de acordo com algumas estratégias adotadas pela área de suprimentos.

Uma delas é ter um controle de estoques automatizado, que seja capaz de calcular níveis ideais de Estoque Mínimo, Ponto de Pedido, Rotatividade dos Estoques, entre outros indicadores que ofereçam inteligência operacional a sua área de suprimentos, reduzindo a imprevisibilidade da demanda de compras e fortalecendo os controles de insumos.

Sistema de cotação eletrônica e banco de dados atualizado de todos os seus fornecedores são contribuições da tecnologia para otimizar a gestão de compras na construção civil. Em uma era de cenários de negócios cada vez mais mutáveis, não dispor de soluções eletrônicas para provisão de suprimentos é aceitar passivamente a perda de espaço no mercado, sobretudo devido ao aumento do custo marginal evitável.

2. Governança em toda cadeia de compra

Atualmente, os múltiplos processos que envolvem o abastecimento exigem integração, desde a escolha da fonte de fornecimento até o recebimento da mercadoria no prazo estabelecido, de modo a não prejudicar o andamento da obra.

Dessa maneira, os profissionais do estoque, compras e follow-up devem atuar estrategicamente em conjunto (com sistemas interligados), a fim de não deixar que problemas de comunicação causem rupturas no estoque, deterioração de matérias-primas ou aumento desmedido de custos.

3. Uso de plataforma de e-procurement

O conceito acima envolve uma mudança de postura da empresa, mas também, uma mudança de sistemas. Uma plataforma de e-procurement é fundamental para interligar todas as etapas da cadeia de suprimentos, fazendo cotações eletrônicas, homologação e estudo dos melhores fornecedores do mercado, bem como sua classificação, de acordo com critérios pré-definidos.

Uma plataforma de gestão de relacionamento com fornecedores como essa unifica todos os processos que se relacionam ao abastecimento da empresa, desde a consulta a um catálogo de produtos, até a emissão do pedido, follow-up e armazenamento dos materiais. Essa automação de processos na gestão de compras na construção civil é o que explica os bons resultados de muitas empresas do setor, mesmo no auge da crise.

4. Controle de entrada e saída de produtos

Já dizia o estatístico William Deming: “o que não se gerencia, não se controla”. E sem controle, é impossível alcançar sucesso, especialmente em um setor que depende tanto da gestão de insumos quanto a construção civil: o setor estima que o desperdício de materiais represente cerca de 30% do custo das construções. Mas se formos analisar o desperdício por materiais, os percentuais são ainda mais assustadores.

Segundo pesquisas na área de engenharia civil, as vedações em alvenaria, por exemplo, são responsáveis por parcela expressiva das perdas verificadas na construção de edifícios, atingindo desperdícios médios de tijolos/blocos de até 17% e de argamassa de até 115%. Isso ocorre em canteiros que não possuem rígidos controles de entrada e saída de produtos, algo que pode ser conseguido por meio de:

  • cálculos automatizados de uso de materiais em cada atividade
  • fiscalização no canteiro de obras
  • uso de sistemas de projeção de demanda
  • rastreamento de materiais através de RFID

5. Investimento em materiais com excelente custo-benefício

Em 2015, o percentual de ações judiciais contra construtoras e incorporadoras disparou 45% em relação ao ano anterior. Além dos atrasos nas obras (que também decorre de problemas na gestão de materiais e subcontratações), na maior parte dos casos, as queixas passam pela má qualidade dos materiais empregados, o que contribui significativamente para deteriorar a imagem da empresa no mercado.

Esses percalços sinalizam a importância de tratar a área de suprimentos como ponto estratégico de aumento na margem de lucro e não como mero departamento burocrático de abastecimento. A área de suprimentos, portanto, deve ser focada em uma política de compras pautada pela qualidade em detrimento do preço.

Imagine, por exemplo, um departamento de compras desorganizado, que não cultiva relações de longo prazo com seus provedores de mercadorias, sem sistemas de relacionamento com fornecedores e que costuma alternar suas compras entre diversos players, se baseando apenas no “quem dá menos”.

O resultado dessa postura volúvel, desorganizada e sem planejamento prévio é a aquisição dos piores materiais, cuja vantagem financeira inicial certamente vai se converter no longo prazo em prejuízos, seja pelo aumento da assistência técnica, pelo risco aos funcionários que trabalham no canteiro de obras ou pelas indenizações milionárias, conseguidas em via judicial.

Melhor do que pagar barato em quantidades desnecessárias de insumos (obtidas em “saldões” de fornecedores sem nenhum histórico de relacionamento com a empresa) é ter sistemas que permitam a compra “cirúrgica”, vinda dos melhores fornecedores do mercado, nutridos através de uma relação de longo prazo, pautada por respeito e parceria.

6. Fazer uma boa pesquisa de mercado em busca dos melhores fornecedores

Uma continuação do tema tratado acima, afinal, você somente conseguirá adquirir produtos de qualidade das mãos de fornecedores de qualidade. E o custo da má qualidade costuma sair alto no canteiro de obras. Segundo levantamento do Sinduscon/CE, o gasto com matérias utilizadas no acabamento, por exemplo, pode representar até 60% do valor da construção.

Em muitos projetos, o alto percentual de avarias e deteriorações (por força da má qualidade de materiais) eleva demais o custo total da obra, o que explica por que muitas construtoras e incorporadoras estão sofrendo para se manterem de portas abertas: a crise não produz falência, apenas ressalta as imperfeições administrativas de cada empresa. E na construção, a falta de tecnologia na gestão de relacionamento com fornecedores é um dos pontos cruciais. Assim, não abra mão dos melhores fornecedores e alinhe seus processos com a logística destas empresas.