O Especial ME Mulheres no Supply Chain está só começando. Convidamos Aline Dias, Procurement Manager da Wickbold, para falar sobre carreira, conquistas e principais desafios de sua atuação no setor. Com 17 anos de experiência na área, a executiva respondeu perguntas diversas, como quais foram os maiores aprendizados como gestora de compras e quais tecnologias foram adotadas para inovar e se adaptar aos diferentes cenários e transformações.

Conheça a trajetória da Aline Dias, Procurement Manager na Wickbold

Aline Dias é Procurement Manager na Wickbold e possui 17 anos de experiência na área. Tem sólido conhecimento em Strategic Sourcing, categorização, definição de estratégias de negociação e gerenciamento de projetos focados em redução de custos. Além disso, atua com foco em melhoria de processos, mitigação de riscos em contratações e compliance e na construção de parcerias com líderes de todas as áreas.

Confira as perguntas e respostas da entrevista:

1. Poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória, e como surgiu o seu interesse pela carreira em Procurement?

R: Eu costumo brincar que as pessoas “caem” em compras, comigo foi assim também. No início da carreira, ainda como estagiária, fui convidada a atuar na área. Foi amor à primeira vista! Em compras, não temos rotina. Temos a possibilidade de aprender sobre diversos nichos, como contratação de serviços, de peças e equipamentos, embalagens e, claro, o coração da indústria: a matéria-prima, e cada um com sua particularidade e necessidade.

 

2. Ao longo da sua carreira, você teve passagem por grandes empresas como Bunge, Saint-Gobain e Wickbold. Quais foram os maiores aprendizados que você teve ao atuar nas áreas de compras de empresas globais como estas?

R: É muito importante estar próximo ao cliente interno, entender o processo produtivo, as dores deles e como melhorar os processos para entregar resultados, que vão além do viés financeiro. Pedir feedback sobre a área de compras é importantíssimo, assim como mostrar para as outras áreas o tamanho e a importância do departamento. Durante a minha atuação, tenho percebido que, muitas vezes, o cliente interno não tem conhecimento do que fazemos, mas quando demonstramos nossa atuação com números, todos ficam surpresos. Cabe aos profissionais da área fazer essa sensibilização dos clientes internos.

 

3. Uma pesquisa realizada pela revista Harvard Business Review constatou que empresas que apostam em ações voltadas para ampliar a diversidade, em todos os níveis da organização, possuem 45% mais chances de aumentarem sua participação no mercado. Mas esta é apenas uma das vantagens que um ambiente diverso pode trazer às organizações. Na sua opinião, quais outros benefícios podem ser trazidos ao se investir em times mais diversos?

R: O investimento em um time diverso traz conhecimento em todos os níveis. São visões diferentes de como atuar e em diferentes frentes, além da possibilidade de ter perfis adequados, de acordo com o cliente interno e suas necessidades.

 

4. Quais características de uma liderança feminina você acredita que podem trazer impactos positivos para o setor de Supply Chain?

R: As lideranças femininas têm mais mis resiliência e empenho, especialmente no que diz respeito à comunicação, que é essencial na área de Procurement. Nós, profissionais da área, precisamos ouvir, entender e ponderar vários aspectos e cenários para uma boa tomada de decisão.

 

5. Você possui alguma referência de liderança feminina na qual você se espelhou ao longo da sua carreira? Você se vê como uma referência para outras profissionais femininas o Supply Chain?

R: Sim, minha atual gestora, Keila Gobbi e minha ex-gestora, quando estive na J Macedo, Luciana Cicolo, são pessoas que me inspiraram até aqui. Já ouvi que sou referência para pessoas do meu time e por liderados por onde passei. Eles me procuram para trocar experiências.  Esse reconhecimento é muito gratificante.

 

6. As práticas de ESG (ambiental, social e de governança) têm cada vez mais tomado o centro das discussões estratégicas nas empresas. Um dos pontos centrais nesse debate é a necessidade de atrair mais diversidade para todos os níveis da cadeia de suprimentos, investindo e incentivando fornecedores a assumirem práticas de sustentabilidade. No seu contexto atual, quais ações você adota para atrair mais diversidade na seleção de fornecedores e como podemos incentivá-los a investir em práticas de Sustentabilidade?

R: Na Wickbold, ESG é um assunto levado muito a sério. Temos várias iniciativas de sustentabilidade na empresa e prezamos por essa pauta em todas as nossas negociações. Nas RFIs, perguntamos como as empresas estão caminhando com esta pauta. Também estamos implementando um programa de avaliação de fornecedores, que terá um pilar sobre ESG, além de uma política de gestão de fornecedores, que também comtemplará essas questões.

 

7. Nos últimos anos, a tecnologia tem se mostrado indispensável para ajudar as empresas a inovar e promover maior competitividade em seus negócios. Neste cenário, quais tecnologias você tem adotado em sua rotina, para inovar e se adaptar ao Procurement do futuro?

R: Acho que a tecnologia nos ajuda a melhorar os processos, especialmente as tarefas mais operacionais. A maioria das organizações ainda está se estruturando para implementar processos, assim como a Wickbold. Atualmente, estamos trabalhando para implementar KPIS, via Power BI e RPA para algumas atividades de compras.

 

8. Com as constantes mudanças advindas de novas tecnologias e um cenário incerto no mercado, os profissionais de compras tiveram que desenvolver novas habilidades para se manter relevantes. Na sua opinião, quais são as habilidades essenciais para o profissional de compras do futuro?

R: Enxergar além do aspecto financeiro, tentar antever as necessidades do negócio, para trazer soluções e desenvolvimentos de novas opções de fornecimento, não só voltada apenas ao cost avoidance ou saving, mas sim, para agregar tecnologia e inovação ao processo produtivo.

 

9. Pensando no futuro, como você enxerga o setor de Supply Chain daqui a alguns anos? Quais competências você acredita que um profissional de compras precisa desenvolver para se manter relevante neste novo cenário?

R: Acredito que o profissional de supply chain tem que estar aberto à tecnologia, desenvolver atividades estratégicas, explorar as novas opções de mercado. E para ser mais competitivo, é importante também buscar se antecipar aos que os concorrentes do seu segmento estão fazendo. Isso inclui agregar tecnologia, desenvolver fornecedores e mercado global de fornecimento de países low cost.

 

10. Por fim, qual conselho você daria para outras profissionais que desejam construir uma carreira de longo prazo no setor de Supply Chain?

R: Para uma carreira de sucesso em compras, é fundamental ter resiliência, persistência e foco. Temos muitas oportunidades na área e sempre existe algo novo e diferente a ser feito. Não tenha medo de ousar, às vezes de ideias ousadas podem surgir grandes oportunidades de negócios.

 

Até à próxima! 😉