No futuro, o procurement será baseado em cinco características que deverão ser seguidas por todas as empresas.

Mais complexo e dominado por questões legais, éticas, regulatórias e de sustentabilidade, o procurement precisa de mais agilidade, estratégia e tecnologia

Durante anos, a principal preocupação do setor de procurement era reduzir os custos das compras e assegurar a entrega de materiais e serviços em prazos e especificações corretas. Apesar dessas responsabilidades não terem saído de cena, atualmente, o cenário de aquisição é outro. Mais complexo e dominado por questões legais, éticas, regulatórias e de sustentabilidade, o procurement precisa de mais agilidade e estratégia e a tecnologia colabora na transformação da dinâmica da cadeia de abastecimento com negócios inovadores. Quem tem o poder de alterar a lógica atual de processos antigos são os profissionais da área. Para darem um abanão aos seus setores, eles devem tornar-se parte de algo maior nas empresas. Eles precisam de agir como defensores das suas marcas, guiando as práticas diárias e o desenvolvimento de ações viradas para a inovação e sustentabilidade. Para ajudar as suas organizações a dar um passo em direção ao futuro, os profissionais do setor de procurement devem basear-se nas seguintes questões:

Economia

A redução de custos continua a ser uma preocupação para organizações de todo o mundo. No entanto, esse enfoque só pode ser alcançado ao identificar a origem desses custos, a fim de melhor os reorientar. Com as transações cada vez mais controladas, através do e-procurement, as empresas conseguem acelerar outras fases importantes para os negócios, como a análise de mercado, avaliação de propostas, negociação, contratação, cobrança, pagamento e gestão de abastecimentos, o que gera uma economia global para a empresa. Além disso, é preciso ter em mente que qualquer poupança é importante porque, em compras, a poupança é absoluta, ou seja, cada euro economizado equivale a um euro a mais de lucro.

Agilidade

Padronizar as compras de acordo com as solicitações internas é uma necessidade de qualquer profissional da área. Para isso, é válido otimizar os seus processos com o uso da tecnologia. Com todas as informações essenciais reunidas num workflow de uma ferramenta que pode ser padronizada de acordo com as necessidades internas, a contratação eletrónica permite que os utilizadores façam compras de contratos anteriormente negociados, o que lhes rende um ganho de produtividade de cerca de 15% a 20%. Outra forma de ganhar tempo é acompanhar a evolução das cotações pela internet. Atualmente, é possível registar-se para receber alertas para rastrear o processo completo de compra e entrega dos produtos, outra alternativa que ajudará a monitorizar os processos e estar sempre ciente do que acontece.

Governança

A gestão de riscos hoje é uma prioridade nas empresas. Pensando nisso, os profissionais de compras, principalmente gestores, terão de desenvolver novas formas de gerir categorias de fornecedores e métricas para nortear as decisões importantes. Essa gestão focada nas compras deve mitigar a exposição ao risco. Também é necessário conhecer todas as exigências regulatórias, legais, laborais e previdenciárias. Neste âmbito, o e-procurement centraliza todas as solicitações de compra em apenas um ambiente e ajuda em aspetos como habilitação jurídica, verificação de regularidades fiscais, ambientais e laborais, qualificação técnica-operacional e análise financeira, uma garantia a mais para passar por auditorias e gerar mais compliance para a empresa.

Colaboração

As organizações de compras precisam de pensar em modelos de colaboração diferentes dos tradicionais que permitam orquestrar acordos complexos e gerir serviços com vários fornecedores. Uma das máximas mais importantes para as organizações de hoje é gerar valor. Por isso, o processo de aquisição deve estar alinhado para sustentar a economia e a sociedade em geral.

Enquanto a chegada dos millennials ao mercado de trabalho apresenta uma nova linha de pensamento, mais alinhada com a economia circular, as equipas de compra mais experientes irão desempenhar um papel crítico na partilha de informações sobre custos internos e externos em toda a organização. Juntas, essas diferentes gerações de profissionais serão responsáveis pela maneira como a organização está a cumprir os seus compromissos de sustentabilidade e responsabilidade social na área. A colaboração entre empresas também ajuda a mapear novas métricas de desempenho em compras, ajudando, dessa forma, a monitorizar processos e analisar as métricas mais importantes, adequando estratégias e identificando novas oportunidades de negócios.

Inovação

Em breve, as organizações de compras servirão de canal para encontrar novas formas de inovar, criando valor no desenvolvimento de novos produtos ou terceirizando funções não essenciais. Como uma forma de avançar, as organizações de compras precisam de entender melhor o papel que as entidades externas desempenham na direção da inovação, nas suas indústrias. Para suportar isso, muitas equipas de compras precisarão de expandir os seus conhecimentos em engenharia, design, desenvolvimento de novos produtos e responsabilidade social, através de contratações que envolvam diversidade e inclusão e foco nas pessoas, no meio ambiente e, sobretudo, na tecnologia.

Por Alexandre Moreno, diretor de serviços do Mercado Eletrônico

Fontes:  Administradores.com e Business Consultant.